PROPÓSITO - Em busca de sentido


A desenfreada defesa do bem comum impede as pessoas de compreenderem as causas de seus sofrimentos, e conseqüentemente, de se tornarem capazes de estabelecer um verdadeiro propósito em suas vidas.
Leon Tolstoi

Pois tudo, absolutamente tudo, nos céus e na terra, visível e invisível, principados e potestades celestiais – tudo começou nele e encontra nele seu propósito.
Colossenses 1.16 [Eugene Peterson’s The Message]


EM BUSCA DE SENTIDO

Fica cada vez mais evidente que o bem comum foi ‘descomunizado’ em detrimento ao ‘um’, ao ‘eu’. Na esteira do tempo, vemos o homem desfacelando o ‘óikos’ e todo esboço de vida familiar, para afirmar seus interesses, intentos e propósitos. E nesta busca pela afirmação “O“ propósito se perdeu em nossa consciência. Deixando de lado as especulações científicas sobre o texto vamos voltar nossos olhos para o que a essência de Gênesis 1.26-28 nos transmite: Refletir a natureza divina. Na verdade, é isso que O Criador estabeleceu para nós como propósito, uma vida de amor e harmonia com a criação, não como meras peças num jogo, como muitos insistem em afirmar.

Da mesma forma que o egoísmo e a independência de Adão e Eva custaram a ruptura com a plenitude relacional em que viviam, com Deus e entre si, até hoje a humanidade permanece vagando em busca de sentido pra sua existência, como filhos perdidos ou pródigos em busca da sua família.

Embora o amor de muitos seja uma chama que vem se esfriando com o passar dos anos, o amor que procede do coração de Deus permanece inabalável.
E a personificação deste amor está em Jesus, o Unigênito de João 3.16 que se torna o Primogênito da família constituída na nova aliança, com o selo Espírito de Adoção, registrada como que em um testamento nas cartas destinadas às igrejas de Roma e Eféso (Romanos 8.28-30 e Efésios 1.3-6;3.11,14-15), bem como aos judeus convertidos ao Caminho (Hb2.10-12). O que, enquanto discípulos de Jesus buscamos intensamente, é o conhecimento deste amor, que foi tão banalizado, negociado, tripudiado e fatalmente desconhecido de muitos de nós.

No seu comentário sobre a carta aos Romanos, Karl Barth concluí que: “é justamente em nosso desconhecimento de Deus e na observação do padecimento da criação que estão os elementos básicos – o aço e a dura rocha – que ao se chocarem em Espírito e em Verdade, produzem o terceiro elemento: a centelha [criatura] que leva ao conhecimento do Deus [até então] desconhecido. Esta chama que assim surge é a inconsciente tomada de consciência da existência de Deus e também do desconhecimento consciente da vaidade de nossa existência. Esta chama é o amor a Deus”.

O nosso humanismo e egocentrismo por vezes nos impulsiona ao engano, e sobre o que estamos compartilhando existem dois pontos que precisam estar bem claros:

1. Muitos acreditam que nosso alvo, nosso objetivo de vida é chegar ao céu. É extremamente compreensível como vemos na abordagem de Cirilo de Alexandria: “De fato, o céu para os homens era absolutamente inatingível e a carne nunca penetrara antes no puro e santíssimo lugar dos anjos. Cristo foi o primeiro que inaugurou para nós aquela via de acesso. E ensinou aos homens a maneira de chegar ao céu, oferecendo-se a Deus Pai como primícia dos mortos e dos que jazem na terra e manifestando-se como primeiro homem aos que vivem no céu.” A missão de Jesus é claramente redentora e salvífica, mas também vem estabelecer o Seu Reino! É necessário que entendamos a salvação não como o fim, mas o meio para do propósito eterno, que nada mais é que a soberana vontade Deus, estabelecida desde antes da fundação do mundo (Ef. 1.4).Imaginemos que o propósito de Deus fosse salvar os homens. Neste caso o pecado estaria dentro do próprio plano de Deus, fazendo-o cúmplice do pecado. Ao dizer ao homem “não coma deste fruto”, na verdade desejaria que o homem comesse e pecasse, ficando perdido e em trevas, para que ele o pudesse salvar.

2. O que se entende por vocação e chamamento também entra no viés humanista e centrado nas nossas vontades, onde muitos querem desenvolver o seu ministério pessoal, porque possuem um chamado tremendo e/ou um testemunho impactante. Este espectro meritocrático que poluí a mente de muitos no Corpo precisa ser banido e dar lugar à compreensão de que quando abraçamos o propósito de Deus o mesmo passa a ser o nosso chamado, a nossa vocação (Rm 8.28-30; 2 Tm 1.8,9). E este de fato é um chamado maravilhoso! Nos tornamos participantes do propósito eterno do Sagrado em dois sentidos: a) sendo filhos, à semelhança de Jesus, e b) sendo cooperadores de Deus através da proclamação (kerigma) do seu Reino, entendo que o propósito eterno não se restringe as barreiras que convencionalmente impomos.

Quando temos Jesus centralizado em nossa vida, e abraçamos nosso chamado com amor podemos de fato fazer parte desta família de muitos filhos semelhantes a Jesus. Nesta declaração vemos quatro princípios que definem o propósito eterno de Deus:

Unidade – uma família > Jo 17.20-22; 1Co 1.10-12; Fp 2.1-4
Quantidade – de muitos filhos > At 5.14; Cl 2.19
Qualidade – semelhantes a Jesus > Mt 11.29; Jo 13.14-17
Finalidade – para a glória de Deus Pai > Jo 17.4; Rm 11.36

INTERAÇÃO
Textos para leitura durante a semana:

2ª > Gn 1.26-28 | 3ª > Rm 8.28-29 | 4ª > Ef 1.3-6 | 5ª > Ef 3.9-15 | 6ª > Hb 2.10-12
Sábado>
Acompanhamos aqui alguns flashes do Éden. Inevitavelmente é um conceito que mexe com nosso imaginário no que diz respeito a nossa idéia de paraíso. Como você via o paraíso quando era criança e qual sua concepção hoje, tendo Jesus como o segundo Adão [1Co 15.45]?

Memo - Um versículo que vale a pena memorizar: Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Rm 8.29

Medite – Mesmo com o que estudei até aqui, e com tudo que tenho buscado na caminhada, o que eu devo fazer para não esquecer que não vivo mais centrado em mim, e sim em Deus?

Conecte – Esteja disposto a compartilhar com alguém o que você aprendeu sobre família. Com certeza, gente não falta!

RETIRADO DO SITE DA COMUNIDADE VINEYARD.